Com performances repaginadas, Queendom mostra a força das mulheres no kpop
Já é costume dentro do kpop a formação de grupos em programas de tv, através de reality show, com idols competindo para ver quem conseguirá lugar na formação final. Produce 101 atualmente é o mais conhecido deles e de lá saíram grupos bastante populares como Wanna One, IOI, IZ*ONE e mais recentemente a X1. TWICE, Monsta X, Stray Kids, são alguns grandes grupos que foram formados também em realities e conseguiram estabelecer um considerável número de fãs por causa dessa jornada televisonada. Alguns mais do que outros, dependendo da popularidade dos programas.
É então que entra o mais novo reality show da MNET: Queendom. Confesso que assim que li sobre a dinâmica do programa, torci o nariz pois pensei que seria um grande desserviço para grupos femininos influentes do kpop. Explico: o novo show reúne grandes nomes femininos da música coreana em uma competição para ver quem é mais popular em uma série de "comebacks". As participantes se apresentam semanalmente com performances repaginadas de seus hits e cantando hits das "rivais" e ao fim serão lançadas músicas inéditas; quem conseguir somar mais pontos no sistema deles (existe todo um sistema de pontos para calcular a popularidade das músicas na Coréia e os programas semanais dão prêmios que colaboram para possíveis vitórias nos shows de fim de ano) sairá vencedora. Por isso o nome Queendom, já que o reality promete coroar a rainha das rainhas.
O programa teve sua estreia nos últimos dias de agosto e acabará em outubro, quando as finalistas lançarão seus singles novos para disputarem quem domina os charts. A vencedora terá comeback completo bancado pelo canal e os nomes que estão na disputa não são nada desconhecidos. Temos a única solista, Park Bom, um dos pilares da icônica e agora inexistente 2NE1, além de famosos grupos atuais como Mamamoo, (G)I-DLE, AOA, Lovelyz e OH MY GIRL. A minha preocupação em ser um show que colocaria mulheres umas contra as outras, da pior forma possível, caiu por terra quando vi os primeiros dois episódios, pois todas se interessam e ficam surpresas pelas performances de todo mundo. E o canal conseguiu reunir um grupo muito talentoso, com vários nomes que produzem, escrevem e criam suas próprias músicas e portanto possuem uma ótima noção do que funciona em uma competição marcada por novos arranjos e remixes. Acima temos o melhor momento do programa até então com as AOA cantando Egotistic, originalmente das Mamamoo. Jimin começa dando a letra – ela é uma excelente rapper -, o grupo modificou totalmente a música e retrabalhou a coreografia, trouxe um novo significado a canção e virou a "zebra" da competição.
Mamamoo e IDLE são dois dos melhores grupos femininos do kpop atual, principalmente em performances ao vivo, e ambas não ficaram muito atrás das AOA com performances de Good Luck e LATATA. Mamamoo é conhecida pelo gogó de ouro, e aqui podemos ver que mesmo quase caíndo, Solar é incapaz de desafinar. Isso é talento.
Já IDLE possui ninguém menos que Soyeon, rapper, produtora, letrista, e líder do grupo. Tudo isso com apenas 21 anos. Apesar de o grupo ter uma carreira ainda curta, o que não faltam são hits e elas entregam sempre performances marcantes, remixadas e jamais repetem conteúdo.
Quem também merece destaque é a própria Park Bom, que depois de uma série de contratempos na carreira – tudo na YG é complicado – está aos poucos voltando a se apresentar, teve um interessante comeback no início do ano e é muito querida do público, afinal 2NE1 foi um grande fenômeno que abriu portas para a terceira geração do kpop. Ela ainda não está 100%, mas só de vê-la de volta, fazendo o que ela faz de melhor, já é válido.
Até as performances que não são tão aclamadas como a de OH MY GIRL (acima), são sólidas, o que comprova a qualidade do programa. Todos os grupos parecem comprometidos em mostrar seu melhor e isso torna a competição bem mais interessante. Eu nunca fui de acompanhar os realities coreanos, todos os grupos que saíram dos programas eu conheci depois de formados, mas Queendom faz o movimento contrário, ao invés de construír grupos, ele desafia as participantes a se desconstruírem, recriarem suas performances e pensarem em novos conceitos. E é bastante satisfatório acompanhar os diversos caminhos que canções de sucesso poderiam ter tido em outras mãos.
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