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Com Boom, NCT Dream se consolida como melhor unit da NCT

Camila Monteiro

06/08/2019 14h49

NCT Dream em foto promocional de We Boom (reprodução/SM)

Faz um tempo que eu venho me dedicando a traçar toda trajetória da NCT, desde o conceito do grupo, passando pelas diversas units, colaborações, vitórias semanais em programas coreanos e crescimento no exterior com turnê mundial e participações em shows americanos de sucesso. E por que isso? A minha resistência em criar um afeto maior pelo grupo, mesmo gostando de diversas músicas, foi um fator crucial para me fazer adentrar esse projeto – ainda confuso – da SM. E a NCT Dream foi, de todas as units, a última que eu me dediquei por questões de idade. Por ser um grupo cujos membros possuem menos de 20 anos e que o conceito inicial flertava com um aegyo que me incomodava, protelei a minha imersão na ala novinha da NCT e agora, falo com tranquilidade, que cometi um erro.

De todas as units (127, Dream, U, Wayv???), a Dream é, de longe, a mais coesa. Mesmo com a perda de Mark Lee – o melhor rapper da SM – que agora faz parte apenas da 127, a rap line é ótima com 3J: Jeno, Jaemin e Jisung. Jisung, o maknae do grupo, além de ser um exímio dançarino, é também um ótimo rapper. A evolução de Jeno chama atenção principalmente na fase atual, We boom, e Jaemin além de talentoso é muito carismático. A verdade é que a NCT 127 precisa muito mais do Mark do que a Dream. Já na vocal line, a Dream tem um combo de vozes interessante, com Haechan – que também está na 127 – e seu timbre diferenciado, Renjun e sua extensão vocal e Chenle, que equilibra muito bem essas duas forças, sendo um excelente conector. A Dream, consegue fazer algo que sempre faltou na NCT de forma geral: ter uma unidade. E isso é perceptível não apenas ao acompanharmos a evolução do grupo, de Chewing Gum, passando por We young, e tendo seu turning point em GO (uma das melhores músicas de toda NCT), mas também nas dance practices, nas entrevistas e nas dinâmicas entre os membros.

We Boom, lançado semana passada e terceiro mini álbum do grupo, expõe de forma prática como a combinação desses talentos evoluiu, assim como eles, que entraram praticamente crianças/pré-adolescentes na empresa e agora estão cada vez mais confiantes no palco. O álbum, que conta com seis músicas, tem três excelentes (Boom, Stronger e 119) e três (By My First, Best Friend e Dream Run) que funcionam como um bom complemento a uma era que veio solidificar o espaço deles no universo NCT. Por serem mais novos, o conceito dreamy, ainda por vezes infantil e até mesmo bobo, aparece e incomoda menos agora, pois eles já conseguiram sair das amarras de serem fofos e bubbly o tempo inteiro. As facetas, agora diversas, demonstradas pelo grupo, dão terreno para eles brincarem com estilos diferentes de pop, e isso é refletido nas performances, outfits e apresentações ao vivo.

Boom, especificamente, é um grande acerto e já se tornou um dos meus MVs preferidos da NCT. A coreografia é incrível, todas as performances ao vivo são boas e eles conseguem mostrar as diferentes personalidades que eles possuem. Jeno é quem mais brilha, pois além de ter evoluído como rapper, ele também virou um centro de respeito.


Não só eu acho que Jeno está no auge, Jisung concorda comigo:


E esse momento é sem dúvidas a killing part do MV (junto com as expressões faciais de Jaemin cantando ice cream):

A performance de Stronger também é ótima e podia ter sido single principal pois tão hit quanto Boom.

Hoje a Dream teve sua primeira vitória em programas semanais com Boom, e na performance abaixo fica fácil entender o porquê. O mais interessante é saber que eles ainda têm muito chão para crescer pois são todos muito novos. A dúvida – e receio – que fica é saber como a SM vai administrar isso, considerando que o grupo, em tese, é uma espécie de "passagem", onde os membros ficam até certa idade e migram para outros grupos depois de um tempo. Essa ideia funciona muito mais no papel do que na prática. A saída do Mark já foi difícil mas certamente menos sentida do que uma futura saída de Haechan, vocalmente mais necessário para equilibrar as forças do grupo. E o que dizer de Renjun e Chenle?? Será que eles irão para a WayV?? Seria WayV ainda parte da NCT? Por que a SM é tão confusa e reticente com membros chineses (Renjun e Chenle são chineses)?? Esses questionamentos ficam ainda mais complexos quando analisamos as notícias recentes do grupo, com o fandom incomodado com o tratamento diferente que membros da China possuem e com o próprio histórico da SM que já perdeu grandes estrelas chinesas por problemas internos (Luhan, Kris Wu e ZTao da EXO, os mais sentidos).

Mexer em um grupo que, tão jovem, já se encontrou e que vem evoluindo junto, seria um dos maiores erros que a SM poderia cometer, principalmente agora que a 127 parece mais conectada e a WayV consegue cada vez mais espaço no difícil mercado chinês. No meio disso tudo ainda não sei se Win Win segue na 127 ou se agora ele é apenas WayV (e sim, ele é chinês). E me questionaram essa semana sobre uma possível unit japonesa liderada por Yuta. Ainda temos a possível formação de um supergrupo da firma que reuniria Taeyong, Mark, Ten e Lucas com Taemin, Baekhyun e Kai. É muita informação e atividade para acompanhar. Eu só queria que as units se fortalecessem, tivessem suas próprias identidades e, com o tempo, pudessem intercalar projetos paralelos sem correria e exaustão. Resta saber se a SM tem esse bom senso (Narrador: a SM claramente não tem esse bom senso).

Deixo vocês com os jams de We Boom:

E com esse momento icônico que viralizou, com um grupo de boy scouts (bandeirantes???) fazendo um mosh pit, o famoso pogo, no meio do show da NCT Dream. Da série "acontecimentos bizarros demais para serem reais":

Sobre a autora

Camila Monteiro é jornalista e estudante de doutorado em música, mídia e fandoms. Ama cultura pop e é muito fã de Bangtan. Sua vida se divide em antes e depois que ela viu Park Jimin na sua frente.

Sobre o blog

Nesse espaço discutiremos o Universo Kpopper: fandoms, bandas, debuts, disbands, MVs, álbuns, tours, coreografias, Coréia e tudo que o K-Pop nos oferece. Entre visuals, rappers e vocalistas, ultimates e bias wrecker estabelecido(a)s, vamos refletir sobre as diferentes gerações do pop coreano, a influência na moda, beleza, cultura e como o K-pop muda a vida das pessoas.

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