Map of The Soul: Persona quebra recordes e reforça o talento de BTS
A Era Map of The Soul começou quebrando recordes: em pouco mais de 9 horas o novo MV de BTS, Boy With Luv, em parceria com a cantora Halsey, já soma quase 35 milhões de views e mais de 5 milhões de likes. O lead single do disco, que é uma evolução natural do grupo e nitidamente conectada a Boy In Luv, single do disco Skool Luv Affair em 2014, é um pop bem hit de verão, com uma refrão que não sai da cabeça, uma coreografia que ressalta os diversos talentos do grupo – até Halsey dançou – e várias referências a filmes musicais, como Dançando na Chuva e La La Land. O mv lembra Airplane Pt. 2, presente em Love Yourself: Tear, e DNA, lead single de Her, porém numa versão repaginada. É impossível não ficar com OH MA MA MA na cabeça.
Apesar de possuir apenas sete faixas, BTS tem o dom de não desperdiçar músicas, ou seja, nenhuma delas é filler do álbum, muito pelo contrário, todas são igualmente excelentes em seus respectivos gêneros. E é importante ressaltar os gêneros pois o grupo consegue reunir uma quantidade incrível de referências diferentes e adequar aos talentos de cada integrante. Podemos perceber o valor que cada membro têm, seja abrindo o disco sozinho (Namjoon com Persona), em uma nova Unit (Jin, Jungkook e J-Hope em Jamais Vu) ou todos juntos. A evolução da vocal line é impressionante. Jungkook sempre foi a voz principal de BTS mas em Persona podemos observar a onipresença de Jimin, que abre não só o lead single do álbum como também a excelente HOME (minha preferida no momento) e a evolução de Jin, que abre a belíssima Jamais Vu e nos mostra um lado rocker que até então deconhecíamos, na faixa mais fora da curva do álbum, Dyonisus (Rock Jin é um meme a ser viralizado).
É interessante ver que tanto a abertura quanto o fechamento do disco – Persona e Dyonisus – são as músicas mais "pesadas". Uma é um hip hop noventista, ode ao old school, com uma letra excelente rementendo a psicologia analítica de Jung, mostrando o Mapa da Alma de Namjoon. Enquanto a outra é uma explosão de sentimentos com a rap line em destaque jogando verdades sobre a vida de um idol. Suga canta "Born as a K-pop idol and reborn as an artist.What does it matter whether I'm an idol or an artist?". A referência Idol/Deus é interessante e a produção e arranjo da música é insana; um hip hop misturado com rock, versos rápidos e vocalistas atingindo notas que nunca ouvimos anteriormente. Vale ressaltar que Hoseok (J-Hope) escreveu a música e a melodia. A palavra Dyonisus ficou por horas entre os assuntos mais comentados do twitter, com quase 1 milhão de tuítes sobre o assunto e as opiniões eram similares: essa é a música que deveria tocar quando os Avengers derrotarem Thanos. Faz sentido.

As 4 versões de Map of The Soul: Persona (arquivo pessoal)
Tanto Mikrokosmos quanto Jamais Vu foram escritas em parceria com o duo britânico Arcades – e Ryan Lawrie que participou do X-Factor UK – e podemos notar a influência na produção de ambas que têm uma linha bastante brit pop. Mikrokosmos é uma ótima música indie pop e tem uma letra terna sobre luz própria e aceitação. Já Jamais Vu trouxe pela primeira vez uma Unit dentro de BTS – no kpop é normal existirem units com alguns membros pois os grupos são grandes – com Jungkook, Hoseok (J-Hope) e Jin. Confesso que estranhei essa combinação mas ela fluiu muito bem e nos entregou a música mais sentimental do álbum. A produção chama atenção pois a música tem várias direções, nenhuma linearidade e mesmo assim funciona.
Por fim temos as minhas preferidas atualmente: HOME e Make it Right. Em dezembro do ano passado Suga tuitou uma foto produzindo uma música e marcou Ed Sheeran. Naquele momento fandoms explodiram pois tanto BTS quanto Ed Sheeran possuem um grande número de seguidores. Nada mais foi dito, o tempo passou mas ninguém esqueceu. Pois Make it Right finalmente aconteceu, e é uma música escrita por Ed e produzida por Suga. Aqui vemos duas forças do pop reunidas e ambas mostrando seus talentos: a música tem a mão de Ed Sheeran, notamos rapidamente que é dele, porém a produção e arranjo sai do que ele costuma fazer, tem uma sofisticação já habitual dos trabalhos excelentes de Min Suga (fãs de Let me know e Tomorrow sabem disso). A batida levemente Shape of You com os falsetes da vocal line transformam o que seria uma música pop comum em um trabalho interessante.
HOME já começa com Namjoon falando que está exausto e quer ir pra casa e ali já criamos uma identificação com a canção. Feita em homenagem ao fandom (Armys), a música fala sobre a importância de ter os fãs como refúgio da vida de holofotes e muito trabalho que os idols possuem. Misturando r&b com um pop atual, Jimin se destaca nos vocais (em especial nos vários mi casa) e Suga faz referência ao primeiro single do grupo, No more dream, quando canta "The big house, big cars, big rings we dreamed about / Even if I get everything I wanted / I'm still lonely with this unfamiliar feeling of someone who had everything come true.", explicando que apesar de ter os carros, casas e anéis que ele tanto queria, ele ainda se sente sozinho e com um sentimento esquisito de ter realizado tudo que sempre sonhou. Isso é BTS, um grupo que conecta todos os pontos da carreira e ao mesmo tempo mostra uma honestidade ímpar sobre sucesso, fama e as dificuldades dessa trajetória.
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