An Ode traz Seventeen mais adulto e conceitual sem perder a essência
Camila Monteiro
17/09/2019 20h06
SOMEBODY TELL ME WHAT SHOULD I DO, assim em negrito e caixa alta, é como eu me sinto ao falar sobre essa nova era da Seventeen. O grupo retornou ontem com o disco – full album!!! com onze músicas!!! – An Ode, repleto de excelentes hits cujas produções distintas e ao mesmo tempo coesas, mostram a evolução do grupo, agora mais adulto, conceitual mas sem perder as características principais que transformaram eles em uma das boybands coreanas mais bem sucedidas da atual geração (em vendas eles só ficam atrás de BTS e EXO).
Depois de teasers com muito carão, glitter e Jeonghan parecendo uma mistura de família Targaryen com família Malfoy, a expectativa para o mv de Fear era gigantesca e mesmo assim quando eu acabei de ver pela primeira vez eu fui incapaz de formular um pensamento. Tive que rever pelo menos umas cinco vezes para conseguir, assim, ordenar os pensamentos e sentimentos. Seventeen sempre foi um grupo cuja principal característica são as canções feel good com coreografias insanas. O fato de o grupo ser dividido em três setores: vocal, rap e performance facilita a vida pra quem tá adentrando o universo carat (fãs do grupo são chamadas de carats) pois temos 13 membros – sim, 13 e não 17, resta aceitar – para conhecer. No entanto todos cantam e performam muito bem, e as lines se perdem com tanto talento que o grupo possui. Fear não é apenas uma página virada na história do grupo, e sim o início de uma outra saga.
A distribuição em Fear é justa e todos conseguem brilhar muito em seus respectivos momentos porém esse MV – e era inteira – pertence a Joshua e Jeonghan. Ambos exímios vocalistas, entregam as partes mais memoráveis de um vídeo que é todo bom. É inicialmente impactante ver o grupo com um conceito visualmente distinto para eles, mais sério e soturno. Quem prefere o grupo em sua versão bubbly pode não apreciar da mesma forma Fear, porém o que vemos é uma evolução natural; todos eles cresceram e exploram conceitos que já foram feitos por outros grupos, mas agora com a marca deles. E é nesse momento que percebemos a qualidade absurda que Seventeen possui. Dentro do kpop são inúmeros os grupos que passam por essa fase de crescimento, ternos pretos, make e carão, mas poucas são de fato memoráveis. Fear não somente está lá, como cria um novo leque de possibilidades para o grupo ousar ainda mais em futuras performances e comebacks.
Antes de Fear existir, o grupo havia lançado mês passado HIT, que abre o disco An Ode e é como se fosse uma ponte entre as eras. Eles já estão com outfits, maquiagens, e atitude completamente diferentes – Mingyu de cabelo azul ficará na sua memória por um tempo -, repetindo que estamos diante de uma música hit (HIT SONG). A coreografia, como sempre, é destaque. Muitos grupos dançam bem, poucos alcançam o mesmo nível de Seventeen, seja pela dificuldade, criatividade ou sincronicidade, o grupo é a definição de dance beasts, e HIT só corrobora isso. Se a letra não é das melhores, todo resto faz a gente relevar e apreciar visuais e movimentos impecáveis.
E o restante do disco é uma sucessão de acertos, abraçando diversos gêneros e mostrando que o team performance possui gogó de ouro, na ótima – e minha favorita junto de Fear – 24/7. Hoshi, Dino, Jun e The 8 brilham em um r&b slow burn fazendo uma linha Usher e NeYo em seus respectivos auges. Network Love é outra música que merece destaque, um house pop, com ótima produção e uma batida ideal para uma coreografia house dance cheia de footwork pra lá e pra cá que Seventeen faria com perfeição. Já visualizei o momento e espero que ocorra graças a força do meu pensamento. Back it Up é caos e confusão com um edm já bastante difundido no kpop. As transições e pausas elevam a qualidade da música onde ouvimos o mantra B-B-B-BACK IT UP inúmeras vezes. O álbum ainda conta com Snap Shoot que é sem dúvidas o momento borderline nostálgico, trazendo a essência do grupo já quase no fim do disco. Gosto da ideia de mostrar novas ideias mas no fim relembrar fãs e público em geral do que eles são feitos. A letra é ainda mais significativa pois nos lembra de parar e gravar os momentos importantes que estão diante de nós.
An Ode é o caminho natural de um grupo que vem numa crescente nos últimos anos, tanto em números de vendas quanto de fãs, e mostra que é possível – e necessário – mostrar versatilidade sem apagar todo o caminho que eles traçaram para chegar até aqui. Se no presente o grupo já é das melhores coisas que aconteceram no kpop atual, o futuro promete passos mais ousados e caminhos ainda mais interessantes.
Deixo vocês com a melhor sequência de imagens possível:
Joshua 1 x 0 Elenco de Euphoria
A sobrancelha e o make do Vernon
Jeonghan, dono e proprietário dessa Era.
Sobre a autora
Camila Monteiro é jornalista e estudante de doutorado em música, mídia e fandoms. Ama cultura pop e é muito fã de Bangtan. Sua vida se divide em antes e depois que ela viu Park Jimin na sua frente.
Sobre o blog
Nesse espaço discutiremos o Universo Kpopper: fandoms, bandas, debuts, disbands, MVs, álbuns, tours, coreografias, Coréia e tudo que o K-Pop nos oferece. Entre visuals, rappers e vocalistas, ultimates e bias wrecker estabelecido(a)s, vamos refletir sobre as diferentes gerações do pop coreano, a influência na moda, beleza, cultura e como o K-pop muda a vida das pessoas.