Awaken, álbum japonês da NCT 127, é tudo que eu precisava e não sabia
Camila Monteiro
05/06/2019 17h51
NCT 127 (reprodução/SM)
Em março desse ano a NCT 127 lançou o MV de Wakey-Wakey (vídeo abaixo), para promover Awaken, o primeiro disco japonês do grupo, que eles lançaram em abril. Quando o vídeo saiu ninguém conseguiu prestar muita atenção na música pois a peruca noventista que Johnny estava usando roubou a cena. Lembro do estranhamento que foi ver Johnny emulando um grunge skatista dos anos 90 em uma música que não fazia o menor sentido isso acontecer. Por essa razão eu acabei enrolando para escutar o disco e foi só depois do lançamento do mini álbum em coreano deles, WE ARE SUPERHUMAN, que eu resolvi colocar os meus fones de ouvido e enfim ouvir.
Awaken tem doze músicas sendo que metade são versões japonesas de canções já famosas do grupo como Regular, Touch, Limitless e a outra metade são canções inéditas que chamam atenção pela versatilidade, produção e viés mais experimental deles, algo que me surpreendeu positivamente. É preciso dizer desde já que a NCT 127 está vivendo o seu melhor momento. Tanto WE ARE SUPERHUMAN quanto Awaken tem uma coesão e unidade necessárias para um supergrupo por vezes disperso e confuso para quem vê de fora como é o conceito Neo Culture Technology. Parece que a SM enfim entendeu o jeito de fazer a boyband mais nova da firma funcionar.
Resolvi focar nas músicas inéditas pois não sou muito fã de quinhentas versões da mesma música. Regular por exemplo, tem versão em inglês, mandarim, coreano e japonês. Muito me espanta que não tenham feito uma versão latina. De qualquer forma, acho sempre desperdício de oportunidade de mostrar novos conteúdos. No entanto Awaken abre com um excelente jam na forma de Lips. A combinação da vocal line e rap line com um refrão simples (YOUR LIPS) que jamais sai da cabeça envoltas num ritmo upbeat que sai do EDM que a gente está tão acostumado no kpop (Wakey-Wakey, estou olhando para você) além de ter um pé nos hits do início dos anos 2000. É uma ótima canção para abrir o disco.
Depois de uma série de hits já consagrados do grupo como Regular, Chain, Touch e Limitless, Awaken nos entrega uma interessante combinação com Blow My Mind, Long Slow Distance e Kitchen Beat. Enquanto a primeira é bastante boyband raíz – me lembrou por vezes TVXQ, um pouco de SHINee – com um rap bem Segunda Geração do KPop, Long Slow Distance é uma baladona tipicamente coreana ideal para as dorameiras. Apesar de saber que não é para mim, reconheço a produção, arranjo e um destaque cada vez maior na excelente vocal line do grupo. Aliás, essa é uma das razões de NCT estar numa interessante crescente atualmente. O grupo abriu mais espaço para suas grandes vozes, em especial Taeil, Doyoung e Haechan. Essa divisão mais equilibrada entre vocal e rap line mostrou o quão eclético e experimental o grupo pode ser. Abriu-se um leque enorme de possibilidades que, apesar de sempre estarem ali, eram pouquíssimo aproveitadas. Se a balada nos mostrou todo talento da vocal line, Kitchen Beat nos entrega a rap line, com Taeyong e Mark no seu melhor . Impossível ouvir sem ficar com NANANANANA por horas na cabeça.
Depois de uma sequência de novidades, o disco tem dois grandes hits, Cherry Bomb e Fire Truck. Porém foi a última música de Awaken que me fez ter vontade de escrever sobre esse álbum. End to Start é uma das músicas mais experimentais que NCT já fez, com um tom etéreo, por vezes meio triste e com uma letra interessante falando sobre fechamentos, términos e recomeços. A repetição "Gotta end it tonight, to start again, ready for a new fight, time for a slayin"' nas vozes de Taeil (2019 parece ser o ano dele) e Doyoung soa quase como um mantra. Aqui, mais uma vez, vemos a evolução e qualidade da vocal line do grupo. End to Start se juntou a Highway to Heaven – outra canção que Taeil domina -, Boss e The 7th sense no hall das minhas músicas favoritas da NCT.
Awaken é uma ótima estreia da NCT 127 no circuito japonês, um dos mercados mais importantes financeiramente para os grupos de kpop. Sinto que a SM finalmente está entendendo o grupo melhor e espero que continuem assim pois o futuro deles é bastante promissor.
Sobre a autora
Camila Monteiro é jornalista e estudante de doutorado em música, mídia e fandoms. Ama cultura pop e é muito fã de Bangtan. Sua vida se divide em antes e depois que ela viu Park Jimin na sua frente.
Sobre o blog
Nesse espaço discutiremos o Universo Kpopper: fandoms, bandas, debuts, disbands, MVs, álbuns, tours, coreografias, Coréia e tudo que o K-Pop nos oferece. Entre visuals, rappers e vocalistas, ultimates e bias wrecker estabelecido(a)s, vamos refletir sobre as diferentes gerações do pop coreano, a influência na moda, beleza, cultura e como o K-pop muda a vida das pessoas.